9.4.11

ESTRANHA ABELHA



«Endiabrada Bela! Estranha abelha que dos mais doces cálices só sabe extrair fel! «Para que quer esta criatura a inteligência, se não há meio de ser feliz?», dizia, dantes, meu pai, indignado. Ó ingé­nuo pai de 60 anos, quando é que tu viste servir a inteligência para tornar feliz alguém? Quando, ó ingénuo-pai de 60 anos?... Só se pode ser feliz simplificando, simplificando sempre, arrancando, dimi­nuindo, esmagando, reduzindo; e a inteligência cria em volta de nós um mar imenso de ondas, de espumas, de destroços, no meio do qual somos depois o náu­frago que se revolta, que se debate em vão, que não quer desaparecer sem estreitar de encontro ao peito qualquer coisa que anda longe: raio de sol em reflexo de estrelas. E todos os astros moram lá no alto, ó ingénuo pai de 60 anos!»

Sem comentários: