5.6.13

VIAGENS E OUTRAS VIAGENS António Tabucchi


Saiu há um mês na D. Quixote.
"Sou um viajante que nunca fez viagens para escrever sobre elas, o que sempre me pareceu estúpido. Seria como se alguém quisesse apaixonar-se para escrever um livro sobre o amor."
(A. Tabucchi)

Então, tá bem! Já agora: como apareceu este livro, ó meu italiano português?
Ele explica, na nota de abertura: foi escrevendo textos ao acaso dos papéis mais à mão ou, presume-se, a pedido para publicações de ocasião. Sem intuito de serem literatura de viagens.

Depois, vai-se a ler e percebemos que o tipo é mesmo bom a juntar letras. Além do que, para quem está condenado a ser sedentário, falar com um nómada é um fascínio. Tabucchi tem espírito e prática de nómada, e até encontrou um fundamento existencial para isso: "Visitei e vivi em muitos lugares. E sinto-o como um enorme privilégio, porque pousar os pés no mesmo chão durante toda a vida pode originar um perigosos equívoco, o de fazer-nos crer que essa terra nos pertence, como se a não tivéssemos por empréstimo, como por empréstimo temos tudo na vida."

Não são viagens turísticas, as de Tabucchi. São visitas a lugares habitados por memórias de onde emergem leituras prévias, ou reconhecimentos a posteriori de presenças prévias "por interposta pessoa" - título da última parte do livro.

Este livro chegou-me hoje às mãos, trazido por um gesto de ternura. Vou embarcar e já sei que vou fazer boa viagem.



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