24.7.13

UMAS RICAS FÉRIAS - Página LUGAR ONDE no jornal BADALADAS de 26 de Julho

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UMAS FÉRIAS BEM PASSADAS!

Há alturas da vida em que é preciso parar e pensar. Jacinto e Francisco Filipe, irmãos de Santo Isidoro (Mafra), tinham acabado de perder o pai. Estavam na meia-idade, a entrar na fase em que alguns se interrogam sobre o que andam cá a fazer. Homens de profunda Fé cristã e, por isso mesmo, inquietos, sentiram que era preciso passar das palavras aos actos, da “oração” à “hora de acção”. Jacinto explica:
«Isto foi no princípio de 1990. Surgiu a ideia de umas férias diferentes, em que, pelo voluntariado e pela solidariedade, pudéssemos conhecer outros povos, as suas tradições, tomar contacto com as suas dificuldades e, na medida do possível, contribuir com o nosso trabalho para a sua superação.»
Falaram com amigos, pesaram hipóteses e decidiram: Guiné-Bissau! Alguns tinham lá estado na guerra colonial, sabiam que era um dos países mais pobres do mundo, onde se fala Português. E não era longe, a 4 horas de avião de Lisboa.
«Como não conhecíamos ninguém daquelas paragens, foi através dos Padres Franciscanos portugueses que iniciámos os primeiros contactos em Lisboa, que viriam a permitir a concretização deste sonho de "Férias Solidárias"», diz Francisco Filipe.
E de 3 a 18 de Dezembro desse ano passaram férias em Bissau. «O nosso primeiro trabalho em terras africanas foi reparar as varandas, as cozinhas e as instalações sanitárias das doze casas pertencentes à Conferência de S. Vicente de Paulo, da paróquia de Nossa Senhora da Candelária, de Bissau. Essas casas eram habitadas por pessoas muito carenciadas.»
Nunca mais pararam. A partir daí, praticamente todos os anos há um grupo de pessoas que se integra nesta prática de “Férias solidárias”. Gente maioritariamente do Oeste mas também de todos os pontos do país. Rui Fiúza é um dos amigos que já lá foi diversas vezes. Electricista, sabe que o seu trabalho é precioso num país em que falta tudo: «O mais importante é não irmos para lá com a ideia de que nós é que sabemos. O nosso trabalho é fazer o que as pessoas dizem ser mais necessário para a vida delas. Não impomos nada. Perguntamos aos chefes das aldeias e eles é que dizem o que precisam.»
Construção de um pavilhão numa escola, reparação de poços, construção do Centro Social de Ondame, reorganização e gestão de um Centro Materno-infantil (que os nativos baptizaram de Bom Samaritano), Cursos de Formação em diversas áreas de Desenvolvimento Rural, montagem de uma Rádio Local e de um Centro Cultural, instalação de um bloco operatório na Clínica, campanha de consultas de oftalmologia e operações às cataratas – estes são alguns resultados destas “Férias Solidárias”.


                                                     Construção de um poço em Santa Luzia                                                                    
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FUNDAÇÃO JOÃO XXIII – CASA DO OESTE

Uma colaboração casual com esta instituição valeu-nos a oferta deste belíssimo livro que é um testemunho impressionante do que podem a Fé esclarecida e a prática da Fraternidade.
Folheámo-lo com avidez e encontrámos os sinais que identificam os homens de boa vontade: sentido da solidariedade, humanismo, cooperação, apelo a favor dos povos mais empobrecidos.


A chancela do livro revelou-nos que este projecto de “Solidariedade com a Guiné” está enquadrado na missão da Casa do Oeste, sita em Ribamar, concelho da Lourinhã – um lugar de encontro, formação e convívio da Diocese de Lisboa. Mais informações podem ser vistas aqui: http://casadooeste.no.sapo.pt/









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     VALORES DE OUTRA GRANDEZA

                                                                     
         Rui Fiúza, Francisco Filipe e Jacinto Filipe relataram com entusiasmo o que têm sido estas “Férias Solidárias”. Mas eles não se querem vedetas. Sublinham que pertencem a um grande grupo de muitas dezenas de pessoas que aderiram ao projecto desde 1990 até agora e que congregam vontades e recursos a partir da generosidade das pessoas e das empresas. Nada pedem ao Estado e todos os voluntários fazem questão de pagar as suas deslocações e despesas pessoais. Alugam um contentor que estacionam na zona de Mafra e ali vão guardando as dádivas: roupas, material escolar, ferramentas, materiais de construção e eléctricos, alimentos de longa duração, material clínico e, até, veículos usados. O contentor segue por via marítima e quando chega à Guiné já lá estão alguns voluntários que organizam a distribuição.

«Sabemos que os nossos gestos de solidariedade não salvam o mundo…, mas ajudar um povo a crescer, salvar uma criança que entrou em coma por falta de um simples anti-palúdico, ou limpar as cataratas dos olhos duma pessoa, são gestos, são momentos únicos na vida, que não têm preço, porque eles são valores de outra grandeza!...»
Ouvir a fala destes amigos leva-nos a olhar o mundo com mais optimismo s confiança. 


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COMO COLABORAR

Se ficou sensibilizado e deseja colaborar nestas acções de apoio à Guiné-Bissau pode fazê-lo através da Fundação João XXIII – Casa do Oeste que organiza campanhas de angariação de materiais diversos. Ajudas financeiras podem ser depositadas em conta bancária, basta pedir número à Fundação. Dos donativos serão passados recibos. Informações no Secretariado da Fundação: telefone/fax 261 422 790.Mail: casadooeste@sapo.pt


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