27.7.15

NO LIMIAR DO MUNDO DE MARIA GABRIELA LLANSOL





Página a publicar no semanário BADALADAS no próximo dia 31 de Julho 2015.





“Sobre a sua ligação a Maria Gabriela Llansol e ao seu texto escreveu um dia José Augusto Mourão (e lembro-me de ter ouvido essas palavras da sua boca, num dos nossos encontros):
«Sou um legente que escreve desde há uns anos já sobre Maria Gabriela Llansol com o sentimento de ter sempre vagueado por uma inextricável linha de costa, portanto sem ter a presunção de alguma vez ter chegado a um terminal de mundos, sabendo que das ruínas da biografia não se pode erguer uma estátua, temendo ademais, e como Témia, a impostura da língua, fiado apenas na 'cordialidade' do sentido (Tauler), no puro amor do 'há', na equivalência entre estética e ética, nada sabendo em definitivo, apenas entrevendo. Sabe-se que se é legente quando o júbilo de existir e o ler se tocam.» | João Barrento “

Foto: J Moedas Duarte




Autógrafo de Maria Gabriela Llansol: "Para Virgílio Ferreira - meu companheiro na geometria da terra prometida". (in: http://espacollansol.blogspot.pt/ - post de 7/6/15.


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______________ nada é mais rápido do que a melancolia; é traiçoeira no ataque, inopinadamente ressurge diante dos olhos, e o turbilhão é tal que se extingue sem linhas precisas. O facto principal, determinante, é que a nossa forma, a forma com que somos receptivos ou agimos, é um corpo, todo o afecto nasce, perdura e se extingue nessa forma; a separação física dos corpos pode ser, por vezes, o facto mais notável: aquele contra o qual o conceito perde força e paciência. De nada me vale querer ser razoável. Quando me dou à nostalgia, é triste de morrer. A realidade da dor, até desejar a morte, não está na separação física (de que é feita a maior parte da vida senão de ausências presentes?) mas no simples efeito de imagens que não se sobrepõem. Não vou perguntar: “quem falta?” Sou eu que falto, o fragmento por que suspiro, e que está suspenso fora de mim. Eu queria ser ele, sem poder, como ____ como um resto de frase que se esquece | 

Maria Gabriela Llansol, Inquérito às Quatro Confidências. Lisboa: Relógio d´Água, 1996.



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