Página a publicar no semanário BADALADAS no próximo dia 31 de Julho 2015.
“Sobre a sua ligação a Maria Gabriela Llansol e ao seu texto
escreveu um dia José Augusto Mourão (e lembro-me de ter ouvido essas palavras
da sua boca, num dos nossos encontros):
«Sou um legente que escreve desde há uns anos já sobre Maria
Gabriela Llansol com o sentimento de ter sempre vagueado por uma inextricável
linha de costa, portanto sem ter a presunção de alguma vez ter chegado a um
terminal de mundos, sabendo que das ruínas da biografia não se pode erguer uma
estátua, temendo ademais, e como Témia, a impostura da língua, fiado apenas na
'cordialidade' do sentido (Tauler), no puro amor do 'há', na equivalência entre
estética e ética, nada sabendo em definitivo, apenas entrevendo. Sabe-se que se
é legente quando o júbilo de existir e o ler se tocam.» | João Barrento “
Foto: J Moedas Duarte
Autógrafo de Maria Gabriela Llansol: "Para Virgílio Ferreira - meu companheiro na geometria da terra prometida". (in: http://espacollansol.blogspot.pt/ - post de 7/6/15.
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Autógrafo de Maria Gabriela Llansol: "Para Virgílio Ferreira - meu companheiro na geometria da terra prometida". (in: http://espacollansol.blogspot.pt/ - post de 7/6/15.
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______________ nada é mais rápido do que a melancolia; é
traiçoeira no ataque, inopinadamente ressurge diante dos olhos, e o turbilhão é
tal que se extingue sem linhas precisas. O facto principal, determinante, é que
a nossa forma, a forma com que somos receptivos ou agimos, é um corpo, todo o
afecto nasce, perdura e se extingue nessa forma; a separação física dos corpos
pode ser, por vezes, o facto mais notável: aquele contra o qual o conceito
perde força e paciência. De nada me vale querer ser razoável. Quando me dou à
nostalgia, é triste de morrer. A realidade da dor, até desejar a morte, não
está na separação física (de que é feita a maior parte da vida senão de
ausências presentes?) mas no simples efeito de imagens que não se sobrepõem.
Não vou perguntar: “quem falta?” Sou eu que falto, o fragmento por que suspiro,
e que está suspenso fora de mim. Eu queria ser ele, sem poder, como ____ como
um resto de frase que se esquece |
Maria Gabriela Llansol, Inquérito às Quatro Confidências. Lisboa: Relógio d´Água, 1996.
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