23.1.09

LIVRO DE JÚLIO VIEIRA FINALMENTE REEDITADO



Publicado em 1926, “Torres Vedras Antiga e Moderna” é hoje uma raridade. Valiosíssimo repositório de informação histórica, de escrita muito acessível, ele tem sido uma das grandes fontes de conhecimento do nosso passado. Com os temas bem organizados, fruto de muito estudo e investigação em arquivos locais – sobretudo paróquias e Misericórdia – e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, este livro tornou-se imprescindível para quem queira conhecer a História torriense. Mas hoje, praticamente, só é possível lê-lo na Biblioteca Municipal.
Por isso saudamos vivamente a iniciativa da Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras que decidiu reeditar esta obra, em parceria com a Livrododia Editores. Não se trata de um fac-simile mas sim de uma nova edição que, respeitando escrupulosamente o conteúdo da 1ª, optou por um grafismo actualizado e fez o tratamento informático das fotos e gravuras antigas que se encontravam muito degradadas. Por outro lado, foi feita uma releitura anotada do texto de Júlio Vieira, trabalho minucioso realizado por Carlos Guardado da Silva e Venerando Aspra de Matos. Também não é uma edição crítica, uma vez que as notas introduzidas procuram tão-somente actualizar informação, o que é justificável se tivermos em conta a enorme produção historiográfica que o município de Torres Vedras conheceu, sobretudo nas últimas duas décadas. E porque esta é uma obra para ler, assim como para consultar, optou-se pela integração de índices (toponímico, onomástico e didascálico), tornando a sua consulta mais fácil.
O lançamento desta 2ª edição está previsto para finais de Março, por altura do 30º aniversário da Associação de Defesa do Património de Torres Vedras.

JÚLIO VIEIRA: ESBOÇO BIOGRÁFICO

Júlio do Nascimento Vieira, (1880-21/01/1930), foi um homem multifacetado – jornalista, político, dirigente associativo e sindical, industrial, comerciante, publicista e historiador – que marcou política e culturalmente a sociedade torriense nos três primeiros decénios do século XX. As gerações seguintes recordam-no sobretudo pela sua faceta historiográfica, com a publicação da monografia Torres Vedras Antiga e Moderna, no Verão de 1926, pela qual muitos conheceram a história torriense.
Cursou na Escola de Belas Artes de Lisboa, formação artística que o tornaria autor de diversos quadros a óleo, desconhecendo-se, porém, a sua localização.
Foi também um industrial de tipografia e comerciante nas áreas da livraria, da papelaria e do calçado.
Como jornalista, teve uma actividade intensa. Foi proprietário, editor e director dos jornais semanais regionais Folha de Torres Vedras (1905-1913) e A Vinha de Torres Vedras (1913-1919), tendo aquele recebido a Medalha de Bronze na Exposição Agrícola de Lisboa, de 1905. Nos anos de 1906 e 1907, editou o Anuário da Região de Torres Vedras.
Ainda no tempo da Monarquia, Júlio Vieira foi dinamizador de um grupo de intelectuais torrienses, propagandista e defensor dos ideais republicanos, e Presidente da Comissão Municipal Republicana de Torres Vedras.
Teve uma participação cívica intensa: Provedor da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, sócio fundador do Centro Republicano Torriense, membro da direcção do Sindicato Agrícola de Torres Vedras, Presidente da Associação de Socorros Mútuos 24 de Julho de 1884, fundador e membro da direcção da corporação de Bombeiros Voluntários de Torres Vedras, membro da Comissão Organizadora da Previdência Agrária, Administrador-delegado da Comissão de Iniciativa das Termas dos Cucos e Praia de Santa Cruz e principal impulsionador da I Exposição Agrícola, Pecuária e Industrial de Torres Vedras, em 1926.
A par da faceta do historiador, ficou ainda a do escritor, testemunhada pelos escritos literários, ainda inéditos e de valor muito desigual, que integram os Fundos do Arquivo Municipal de Torres Vedras: romances, poesia, teatro e impressões de viagem.
Faleceu aos 49 anos, quando tinha em projecto os livros Torres Vedras sob as Invasões Francesas e Igrejas e conventos de Torres Vedras e termo.
Como reconhecimento do seu elevado mérito o Município de Torres Vedras prestou-lhe homenagem póstuma, em 1990, atribuindo-lhe a Medalha de Mérito Cultural.
(Dados recolhidos na Revista Torres Cultural, nº8, 1998 e no texto de abertura da 2ª edição, de Carlos Guardado da Silva)



A publicação de Torres Vedras Antiga e Moderna foi largamente referenciada nas páginas da imprensa regional e nacional. Acerca da mesma, o jornal Diário da Tarde, na edição de 28 de Agosto de 1926, referia o seguinte: «a edição deste importante trabalho que, sem favor, deve figurar na estante de todos os estudiosos, é da Livraria da Sociedade Progresso Industrial, de Torres Vedras e, sem lisonja ou falso reclamo, podemos dizer que, no género, dificilmente se fará melhor nos editores de Lisboa e Porto».

O livro de Júlio Vieira é um manancial riquíssimo de informações sobre a história da antiga vila de Torres Vedras, como se pode ver nestes curtos excertos:


“Para boa orientação da nomenclatura antiga das ruas, tomaremos por ponto de partida o Largo da Graça, ou actual Praça da República.
Foi em 1892 que esse largo se ampliou, terraplenando-se a parte ajardinada, que ainda pertencia à antiga cerca do convento, separada apenas por um velho e baixo muro, orlado de frondosas amoreiras.”

“A parte calçada do largo, que faz parte integrante da Praça da República e da qual nascem as ruas Dias Neiva e Serpa Pinto, era conhecida pelo Outeirinho, como se vê nas confrontações de prédios ali situados e de escritos no tombo da Misericórdia. É nome antiquíssimo, que devia existir ao tempo em que se conservavam ainda as muralhas da vila.”

“A Avenida Cinco de Outubro foi uma artéria rasgada, de 1886 para 1887, através do Campo de S. João, para ligar à vila a estação do caminho-de-ferro que acabava de se construir.”



17.1.09

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