25.4.11

José Afonso "Maria"



Uma balada pouco conhecida, de 1964, dedicada a Zélia, sua segunda mulher.
Simplicidade e originalidade, bases do seu génio criador.
Uma canção muito bonita!

LUGAR ONDE Nº 105 - Badaladas, 22 abril 2011


LANÇAMENTO PÚBLICO EM 9 DE MAIO
TORRES VEDRAS ANTIGA E MODERNA,
de Júlio Vieira

A Associação do Património de Torres Vedras teve a iniciativa, a Livrododia associou-se, a Câmara Municipal apoiou e a obra aí está, em segunda edição. A primeira, de 1926, estava há muito esgotada. Livro imprescindível para quem quiser conhecer a História torriense.
Mas uma obra com 85 anos não estará desactualizada? A resposta é clara: não! Apesar do extraordinário incremento dos estudos recentes que vieram esclarecer e completar aspectos particulares do conhecimento do nosso passado, o livro de Júlio Vieira mantém uma indiscutível actualidade. Debruçando-se sobre a História de Torres Vedras, a cidade e o concelho, continua a ser de consulta imprescindível. Mais ainda: não perdeu a frescura da escrita. O estilo elegante, rigoroso e sóbrio garante-lhe uma surpreendente proximidade com o leitor de hoje.
É sabido que outra obra básica sobre a História torriense é a do P. Agostinho Madeira Torres, publicada em 1819, com as anotações posteriores dos responsáveis da 2ª edição em 1861, que a enriqueceram mas tornaram de difícil consulta. Está apenas disponível hoje numa edição de 1988, fac-similada, de fraca qualidade gráfica.
Júlio Vieira incorporou essa informação e ampliou-a por investigação própria, apoiando-se em fontes documentais que cita abundantemente, num trabalho de grande probidade intelectual. O resultado foi esta obra publicada em 1926. Sai agora, finalmente, a segunda edição, que respeita integralmente o original mas enriquecida com anotações dos historiadores locais nossos contemporâneos, Carlos Guardado da Silva e Venerando Aspra de Matos, e com utilíssimos índices onomástico, toponímico e didascálico.
* * *

Foto: Biblioteca Municipal, Espólio de Adão de Carvalho


Esta foto ajuda-nos a recuar no tempo. É um postal dos anos 20 do século passado. À direita, a rua Dias Neiva – é agora a 9 de Abril. Ao centro, o edifício de dois pisos, onde está hoje o prédio de três andares da Havaneza, construído nos anos 30/40.
Olhando à esquerda, vemos o edifício pertencente à Misericórdia, que ainda hoje existe. Mas a loja – actualmente o “Luís Pereira” – era a Sapataria Vieira, pertencente a Júlio Vieira, de quem falamos a propósito da História torriense. Os vultos em que se fixa agora o nosso olhar eram seus contemporâneos.
Homem de prodigiosa actividade! Viveu apenas 49 anos mas deixou marcas indeléveis na terra que tanto amou: além de comerciante com sucesso na área do calçado, foi proprietário e redactor de jornais locais, dirigente político republicano, activista sindical e associativo, impulsionador de iniciativas de desenvolvimento regional, publicista e historiador.
O nosso olhar perde-se nesta contemplação e encontra na História, escrita por homens como Júlio Vieira, a ponte que vem do passado para ligar os de hoje aos que já aqui viveram e morreram.

                                                                                   * * *

O QUE DIZ A ASSOCIAÇÃO DO PATRIMÓNIO DE TORRES VEDRAS

Um dos objectivos da Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras é contribuir para um maior interesse de todos os torrienses pela sua história. Ao longo de 32 anos de existência (1979-2011) esta tem sido uma das suas linhas de orientação, expressa nas inúmeras intervenções e actividades que desenvolve, quer nas páginas da imprensa regional quer nos debates públicos ou nos pareceres sobre projectos autárquicos.
A iniciativa de reeditar o livro de Júlio Vieira é mais um contributo da ADDPCTV para o conhecimento da nossa história local.
A Associação do Património de Torres Vedras, através desta reedição, presta público reconhecimento ao ilustre cidadão torriense que foi Júlio Vieira.

                                                                                   * * *

HOMENAGEM
A Biblioteca Municipal de Torres Vedras, inaugurada a 19 de Fevereiro de 1934, foi criada por proposta de França Borges, então edil da Comissão Executiva Municipal, após a aquisição, por parte da Câmara de Torres Vedras, em 1931, da biblioteca particular do escritor torriense Júlio Vieira, falecido em 1930, cujo espólio faz parte do seu fundo documental. Este é um facto pouco conhecido, a merecer destaque. Pela nossa parte, e dando continuidade a uma ideia de alguém que muito consideramos, deixamos aqui uma sugestão aos nossos edis municipais: prestar pública homenagem a Júlio Vieira atribuindo o seu nome à Biblioteca Municipal de Torres Vedras.

                                                                                * * *

…ESTA TERRA
«E pois desta terra, por tantos títulos notável, e à qual me pren¬dem os laços de nascimento e de família, que entendi dever fazer a presente narração histórica e descritiva, baseada nos elementos de estudo e observação que tenho conseguido reunir.
Se algum benefício resultar do meu sincero esforço, convencido ficarei da utilidade desta obra.
Suficientemente recompensado me encontro já, pela satisfação do que julgo um dever cumprido, e pela lembrança também do exem¬plo que deixo a meus filhos, demonstrando que, sempre que honre-mos por qualquer forma ao nosso alcance, a terra que nos foi berço, honraremos nossa família e dignificar-nos-emos a nós próprios.»
(Júlio Vieira, Preâmbulo de TORRES VEDRAS ANTIGA E MODERNA.)

                                                                      * * *

CONVITE A TODA A POPULAÇÃO
O lançamento da segunda edição do livro de Júlio Vieira, TORRES VERDRAS ANTIGA E MODERNA, terá lugar em SESSÃO PÚBLICA nos Paços do Concelho, no próximo dia 9 de Maio, pelas 18 horas. A apresentação será feita pelo nosso conterrâneo e ilustre historiador torriense, Bispo do Porto, D. Manuel Clemente.

9.4.11

ESTRANHA ABELHA



«Endiabrada Bela! Estranha abelha que dos mais doces cálices só sabe extrair fel! «Para que quer esta criatura a inteligência, se não há meio de ser feliz?», dizia, dantes, meu pai, indignado. Ó ingé­nuo pai de 60 anos, quando é que tu viste servir a inteligência para tornar feliz alguém? Quando, ó ingénuo-pai de 60 anos?... Só se pode ser feliz simplificando, simplificando sempre, arrancando, dimi­nuindo, esmagando, reduzindo; e a inteligência cria em volta de nós um mar imenso de ondas, de espumas, de destroços, no meio do qual somos depois o náu­frago que se revolta, que se debate em vão, que não quer desaparecer sem estreitar de encontro ao peito qualquer coisa que anda longe: raio de sol em reflexo de estrelas. E todos os astros moram lá no alto, ó ingénuo pai de 60 anos!»