OITOCENTOS ANOS DE FRANCISCANISMO
Os Franciscanos vêm dos anos longínquos do século XIII até aos nossos dias a darem testemunho de uma certa forma de viver o cristianismo. Não por acaso, o historiador medievalista Jacques Le Goff, na sua biografia de Francisco de Assis, aponta quatro características dos valores franciscanos que lhe garantem actualidade: amor à natureza, liberdade de espírito, anti-consumismo e vida comunitária.
Aqui fica uma breve evocação, de cunho pessoal e sem pretensões historiográficas, sugerida pela passagem do oitavo centenário (1209-2009) da fundação da Ordem dos Frades Menores por aquele que ficou para a História como S. Francisco de Assis.
Os Franciscanos vêm dos anos longínquos do século XIII até aos nossos dias a darem testemunho de uma certa forma de viver o cristianismo. Não por acaso, o historiador medievalista Jacques Le Goff, na sua biografia de Francisco de Assis, aponta quatro características dos valores franciscanos que lhe garantem actualidade: amor à natureza, liberdade de espírito, anti-consumismo e vida comunitária.
Aqui fica uma breve evocação, de cunho pessoal e sem pretensões historiográficas, sugerida pela passagem do oitavo centenário (1209-2009) da fundação da Ordem dos Frades Menores por aquele que ficou para a História como S. Francisco de Assis.
CONTEXTO HISTÓRICO
O franciscanismo surge no século XIII, num período de grandes transformações no espaço e nas relações de poder. É o tempo das cidades mercantis, inseridas no vasto campo de trocas entre a Europa setentrional e a Europa mediterrânica e do surgimento de uma rica classe de mercadores. Afirma-se uma nova mentalidade urbana centrada na vivência comunal, servida por artistas e intelectuais. A antiga autoridade episcopal necessita de novas roupagens para se manter influente e não hesita em adoptar comportamentos sumptuários e guerreiros, à maneira das famílias aristocratas que se impõem pelas armas e pelo dinheiro. O reverso desta realidade é a acentuação da pobreza de grandes massas populacionais e o contraste entre os poderosos e os excluídos. Nestes últimos encontram-se os doentes, sobretudo os leprosos, banidos do convívio humano, escorraçados, obrigados a anunciarem-se à distância para que ninguém deles se aproxime.
Francisco viveu em Assis todo este processo e parece ter sido especialmente sensível ao contraste gritante entre a doutrina evangélica e a prática espúria de certas autoridades religiosas. O leproso, figura pungente que já habita os livros sagrados do cristianismo, surge-lhe como o símbolo de todos os pobres e perseguidos.
Arremessando ao chão as vestes luxuosas da família endinheirada a que pertencia, abraçando e beijando os leprosos e confrontando o Papa com a possibilidade de uma nova maneira de viver o Evangelho, Francisco de Assis aponta uma alternativa revolucionária à sociedade do “ter” que se encontrava em ascensão e defende pelo exemplo, levado às últimas consequências, uma sociedade do “ser” alicerçada em valores que ainda hoje reconhecemos como actuais e de urgente propagação: moderação no uso de bens materiais, solidariedade social, respeito pela natureza.
Hoje reconhecemos a flagrante actualidade ecológica deste último preceito. Ele fundamenta-se numa visão global do universo em que a preservação de cada parcela é necessária ao equilíbrio e sobrevivência do Todo, entendido como obra de Deus que merece ser amada pelos homens. Não por acaso a Ordem Franciscana participa na Comissão Internacional do Ambiente, sob os auspícios das Nações Unidas. É o reconhecimento público de um pioneirismo que vem do século XII.
Francisco viveu em Assis todo este processo e parece ter sido especialmente sensível ao contraste gritante entre a doutrina evangélica e a prática espúria de certas autoridades religiosas. O leproso, figura pungente que já habita os livros sagrados do cristianismo, surge-lhe como o símbolo de todos os pobres e perseguidos.
Arremessando ao chão as vestes luxuosas da família endinheirada a que pertencia, abraçando e beijando os leprosos e confrontando o Papa com a possibilidade de uma nova maneira de viver o Evangelho, Francisco de Assis aponta uma alternativa revolucionária à sociedade do “ter” que se encontrava em ascensão e defende pelo exemplo, levado às últimas consequências, uma sociedade do “ser” alicerçada em valores que ainda hoje reconhecemos como actuais e de urgente propagação: moderação no uso de bens materiais, solidariedade social, respeito pela natureza.
Hoje reconhecemos a flagrante actualidade ecológica deste último preceito. Ele fundamenta-se numa visão global do universo em que a preservação de cada parcela é necessária ao equilíbrio e sobrevivência do Todo, entendido como obra de Deus que merece ser amada pelos homens. Não por acaso a Ordem Franciscana participa na Comissão Internacional do Ambiente, sob os auspícios das Nações Unidas. É o reconhecimento público de um pioneirismo que vem do século XII.
BIOGRAFIA DE S. FRANCISCO DE ASSIS
1181 ou 1182
Francisco nasce, em Assis, Itália, filho de Pedro Bernardone, rico mercador de tecidos, e de Donna Pica.
1200
Francisco é aclamado Rei da Juventude de Assis. O pai encanta-se com a fama do filho, que vê como possível continuador dos seus negócios.
1202
Participa na guerra entre Assis e a vizinha Perusia. Assis é derrotada e Francisco fica preso durante um ano. Na prisão anima os companheiros com sua alegria e canções de liberdade.
1204
Alista-se numa expedição de Assis e parte para a Apúlia, a libertar territórios do Papa Inocêncio III.
1205
Francisco sente um apelo divino e muda radicalmente de vida. Enfrenta a oposição do pai.
1206
Encontro com um leproso. Vence a natural repugnância e, beijando-o, dá-lhe uma esmola em dinheiro.
Inconformado com as atitudes desprendidas do filho, o pai de Francisco apela à autoridade do Bispo de Assis. Francisco despe as roupas e atira-as aos pés do pai, renegando para sempre uma herança valiosa, dizendo que “doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste".
1209
Inconformado com as atitudes desprendidas do filho, o pai de Francisco apela à autoridade do Bispo de Assis. Francisco despe as roupas e atira-as aos pés do pai, renegando para sempre uma herança valiosa, dizendo que “doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste".
1209
Dirige-se a Roma, com onze companheiros, e obtém do Papa Inocêncio III a aprovação da Regra e da forma de Vida de Frades Menores. É a data fundadora do Franciscanismo.
1219
Francisco vai ao Próximo Oriente, onde os cristãos europeus movem guerra aos Muçulmanos, para libertarem os Lugares Santos. Dando início ao diálogo inter-religioso e ao espírito ecuménico, é recebido benevolamente pelo Sultão do Egipto.
1224 / 1225
Montado num jumento, dedica-se à pregação apostólica.
1225
Fortes sinais de doença. Esmagado de dores e quase cego, compõe e canta, em Abril ou Maio, o Cântico do Irmão Sol ou das Criaturas, considerado por muitos como o mais significativo e expressivo texto do franciscanismo.
1226
Morre no dia 3 de Outubro. Dois anos depois foi canonizado pelo Papa Gregório IX.
1230
No dia 25 de Maio, os seus restos mortais são trasladados para a nova Basílica de São Francisco de Assis.
CITAÇÃO:
«A visão franciscana do homem é certamente original, comparada com as diversas interpretações humanistas ao longo da história. Francisco foi e propôs um novo tipo de homem a partir da sua original experiência de Deus e do modo original de tratar com todos os seres. Francisco foi um homem estruturalmente "simpático" a Deus, a todos os outros homens e a todas as criaturas. Podemos dizer que a "simpatia" por tudo é a primeira nota constitutiva do homem Francisco, de espírito aberto e fraterno, que vive convive com tudo e com todos. Francisco é um especialista da arte de viver, pois consegue fazer a experiência de todas as formas de vida desde o nascimento até a morte. Ele nasce, sente, vive, ama, trabalha e morre em comunhão com Deus, com os homens e com o universo. Ele não fica a ver a procissão dos seres a passar, mas vemo-lo totalmente imerso no mais íntimo da vida de toda a criação, em marcha. Ele sintoniza, ele está em simpatia com todas as expressões ou formas de ser, pensar e de viver. A sua experiência de humanista está profundamente marcada pela PRESENÇA DE DEUS, que ele vê em tudo e em todos. Estremece de ternura, de admiração e de espanto ao surpreender em si e nos acontecimentos, na história, nos homens e em todas as coisas animadas ou inanimadas, sensíveis ou insensíveis, a PRESENÇA encantadora do maravilhoso Criador.
O homem não é rival dos homens nem dos seres da criação. É um irmão universal. Devido à sua estrutura ontológica e psicológica de simpatia por tudo e todos, e à sua abertura à PRESENÇA TOTAL, Francisco é e propõe um projecto de homem como um SER EM RELAÇÃO: em relação dinâmica com Deus, com os irmãos, com os demais homens, com os seres irracionais e a própria vida.» Frei Miguel Negreiros, 1994
«A visão franciscana do homem é certamente original, comparada com as diversas interpretações humanistas ao longo da história. Francisco foi e propôs um novo tipo de homem a partir da sua original experiência de Deus e do modo original de tratar com todos os seres. Francisco foi um homem estruturalmente "simpático" a Deus, a todos os outros homens e a todas as criaturas. Podemos dizer que a "simpatia" por tudo é a primeira nota constitutiva do homem Francisco, de espírito aberto e fraterno, que vive convive com tudo e com todos. Francisco é um especialista da arte de viver, pois consegue fazer a experiência de todas as formas de vida desde o nascimento até a morte. Ele nasce, sente, vive, ama, trabalha e morre em comunhão com Deus, com os homens e com o universo. Ele não fica a ver a procissão dos seres a passar, mas vemo-lo totalmente imerso no mais íntimo da vida de toda a criação, em marcha. Ele sintoniza, ele está em simpatia com todas as expressões ou formas de ser, pensar e de viver. A sua experiência de humanista está profundamente marcada pela PRESENÇA DE DEUS, que ele vê em tudo e em todos. Estremece de ternura, de admiração e de espanto ao surpreender em si e nos acontecimentos, na história, nos homens e em todas as coisas animadas ou inanimadas, sensíveis ou insensíveis, a PRESENÇA encantadora do maravilhoso Criador.
O homem não é rival dos homens nem dos seres da criação. É um irmão universal. Devido à sua estrutura ontológica e psicológica de simpatia por tudo e todos, e à sua abertura à PRESENÇA TOTAL, Francisco é e propõe um projecto de homem como um SER EM RELAÇÃO: em relação dinâmica com Deus, com os irmãos, com os demais homens, com os seres irracionais e a própria vida.» Frei Miguel Negreiros, 1994
CONVENTO DE SANTO ANTÓNIO DO VARATOJO
No início do século XIX havia na região oeste diversos conventos franciscanos: Santo António (Lourinhã), São Bernardino (Atouguia da Baleia/Peniche), Bom Jesus (Peniche), São Miguel (Gaeiras/Óbidos), Santo António (Charnais/Merceana), Visitação (Vila Verde dos Francos), Barro (Torres Vedras) e Varatojo, às portas de Torres Vedras. Apenas este último sobreviveu até aos nossos dias. É o mais antigo instituto franciscano de Portugal. Fundou-o o rei D. Afonso V, por voto a Santo António. Lançada a primeira pedra em 1470, fez-se a inauguração em 4 de Outubro de 1474 com a presença do monarca. Teve como primeiros residentes 14 religiosos vindos do convento de S. Francisco, em Alenquer.
No século seguinte, durante o reinado de D. João III, e já depois do grande terramoto de 1531 que provocou grande estrago, fez-se a reedificação do convento
O que vemos hoje é um edifício composto de vários corpos de épocas diferentes, fruto de sucessivas adaptações a novas e diversas actividades: além de residência de frades – e do próprio rei D. Afonso V que nele tinha aposento próprio, - foi “convento de estudos da Província franciscana dos Algarves” durante dois séculos; a partir de 1680 até à extinção das ordens religiosas em 1834, foi colégio de missionários apostólicos. Depois das vicissitudes oitocentistas e do conturbado período do final da Monarquia e estabelecimento da República, foi sede do curso de Teologia durante alguns anos e, depois da Concordata de 1940, sede de Noviciado, que ainda mantém.
Da primitiva construção resta o belo pórtico da Igreja e o piso térreo do claustro. Um e outro valem uma demorada visita.
O pórtico ogival ostenta o carácter austero do gótico primitivo, tão condizente com a simplicidade franciscana. Do lado esquerdo vemos o escudo do rei fundador e do lado direito um rodízio de tirar água, emblema particular adoptado por D. Afonso V.
A glória deste convento é, sem dúvida, o belíssimo claustro, como descreve um antigo frade varatojano: “verdadeiro poema de beleza franciscana, na elegância e pequenez das colunas e na sobriedade dos arcos em ogiva (…), na luz que tudo inunda permitida pela humildade dos edifícios,(…) na «irmã glicínia», velha de séculos que, rugosa, se enlaça fortemente nas colunas…” (Frei Bartolomeu Ribeiro) Num dos ângulos situa-se o belíssimo pórtico manuelino da capela sepulcral dos antigos alcaides de Torres Vedras.
Ligada ao edifício e protegida pelo muro conventual, existe uma mata rústica. Sem atavios nem acrescentos, é a memória viva da flora autóctone peninsular com seus carrasqueiros antiquíssimos. Pelo meio, duas capelinhas de devoção mariana, recantos de paz e meditação, um carvalho milenar, o canto dos pássaros. Ali o mundo é diferente, imagem do fundador dos franciscanos que tanto amava a natureza e “falava às flores como se tivessem entendimento, e o mesmo fazia diante dos trigais e dos vinhedos, dos rochedos e das florestas, das belas paisagens ridentes, das fontes, dos jardins, da terra e do fogo, do ar e do vento.” (Do livro do P. David Azevedo sobre S. Francisco).
No século seguinte, durante o reinado de D. João III, e já depois do grande terramoto de 1531 que provocou grande estrago, fez-se a reedificação do convento
O que vemos hoje é um edifício composto de vários corpos de épocas diferentes, fruto de sucessivas adaptações a novas e diversas actividades: além de residência de frades – e do próprio rei D. Afonso V que nele tinha aposento próprio, - foi “convento de estudos da Província franciscana dos Algarves” durante dois séculos; a partir de 1680 até à extinção das ordens religiosas em 1834, foi colégio de missionários apostólicos. Depois das vicissitudes oitocentistas e do conturbado período do final da Monarquia e estabelecimento da República, foi sede do curso de Teologia durante alguns anos e, depois da Concordata de 1940, sede de Noviciado, que ainda mantém.
Da primitiva construção resta o belo pórtico da Igreja e o piso térreo do claustro. Um e outro valem uma demorada visita.
O pórtico ogival ostenta o carácter austero do gótico primitivo, tão condizente com a simplicidade franciscana. Do lado esquerdo vemos o escudo do rei fundador e do lado direito um rodízio de tirar água, emblema particular adoptado por D. Afonso V.
A glória deste convento é, sem dúvida, o belíssimo claustro, como descreve um antigo frade varatojano: “verdadeiro poema de beleza franciscana, na elegância e pequenez das colunas e na sobriedade dos arcos em ogiva (…), na luz que tudo inunda permitida pela humildade dos edifícios,(…) na «irmã glicínia», velha de séculos que, rugosa, se enlaça fortemente nas colunas…” (Frei Bartolomeu Ribeiro) Num dos ângulos situa-se o belíssimo pórtico manuelino da capela sepulcral dos antigos alcaides de Torres Vedras.
Ligada ao edifício e protegida pelo muro conventual, existe uma mata rústica. Sem atavios nem acrescentos, é a memória viva da flora autóctone peninsular com seus carrasqueiros antiquíssimos. Pelo meio, duas capelinhas de devoção mariana, recantos de paz e meditação, um carvalho milenar, o canto dos pássaros. Ali o mundo é diferente, imagem do fundador dos franciscanos que tanto amava a natureza e “falava às flores como se tivessem entendimento, e o mesmo fazia diante dos trigais e dos vinhedos, dos rochedos e das florestas, das belas paisagens ridentes, das fontes, dos jardins, da terra e do fogo, do ar e do vento.” (Do livro do P. David Azevedo sobre S. Francisco).
UM CONVENTO COM VIDA
Vivem actualmente no Convento do Varatojo três frades (António Morgado, Ildefonso e Fernando Fonseca) e oito sacerdotes (Padres: José Morais, Francisco Sabino, David Azevedo, Diamantino Faria, Crispim, Alexandre Jorge, Álvaro Silva, Paulo Ferreira e António Marques de Castro, o Superior da Casa), que colaboram na pastoral das paróquias da região Oeste.
Na ausência do superior da casa, falámos com o Padre David Azevedo (na foto) que nos elucidou sobre o presente e o futuro deste lugar. Em Setembro virão cinco noviços que aqui estarão um ano, numa primeira experiência de cumprimento total da regra franciscana, obedecendo aos preceitos da pobreza, obediência e castidade. O convento mantém-se com a ajuda de benfeitores mas enfrenta as dificuldades decorrentes da grandeza do espaço coberto e da mata. Agradece o apoio que tem recebido da Câmara Municipal de Torres Vedras, reconhecendo que ainda há muito a fazer para a preservação deste precioso monumento.
Padre Azevedo, autor de vários livros de espiritualidade franciscana, falou-nos da actualidade do ideal de S. Francisco, que inspirou as comemorações do 8º centenário da Ordem Franciscana. Sublinhou a diferença entre a ecologia profana – centrada no interesse – e a ecologia franciscana – uma “ecologia do encanto”, centrada na comunhão com a natureza e na fraternidade entre os homens. E recordou que os franciscanos sempre foram a ordem religiosa que mais se aproximou do povo, vivendo com ele na pobreza e no contacto com a “irmã natureza”.
Vivem actualmente no Convento do Varatojo três frades (António Morgado, Ildefonso e Fernando Fonseca) e oito sacerdotes (Padres: José Morais, Francisco Sabino, David Azevedo, Diamantino Faria, Crispim, Alexandre Jorge, Álvaro Silva, Paulo Ferreira e António Marques de Castro, o Superior da Casa), que colaboram na pastoral das paróquias da região Oeste.
Na ausência do superior da casa, falámos com o Padre David Azevedo (na foto) que nos elucidou sobre o presente e o futuro deste lugar. Em Setembro virão cinco noviços que aqui estarão um ano, numa primeira experiência de cumprimento total da regra franciscana, obedecendo aos preceitos da pobreza, obediência e castidade. O convento mantém-se com a ajuda de benfeitores mas enfrenta as dificuldades decorrentes da grandeza do espaço coberto e da mata. Agradece o apoio que tem recebido da Câmara Municipal de Torres Vedras, reconhecendo que ainda há muito a fazer para a preservação deste precioso monumento.
Padre Azevedo, autor de vários livros de espiritualidade franciscana, falou-nos da actualidade do ideal de S. Francisco, que inspirou as comemorações do 8º centenário da Ordem Franciscana. Sublinhou a diferença entre a ecologia profana – centrada no interesse – e a ecologia franciscana – uma “ecologia do encanto”, centrada na comunhão com a natureza e na fraternidade entre os homens. E recordou que os franciscanos sempre foram a ordem religiosa que mais se aproximou do povo, vivendo com ele na pobreza e no contacto com a “irmã natureza”.
CÂNTICO DAS CRIATURAS
Francisco de Assis
Altíssimo, omnipotente, bom Senhor,
Teus são o louvor, a glória, a honra
E toda a bênção.
Só a ti, Altíssimo, são devidos;
E homem algum é digno
De te mencionar.Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o Senhor Irmão Sol,
Que clareia o dia
E com sua luz nos alumia.
E ele é belo e radiante Com grande esplendor:
De ti, Altíssimo é a imagem. Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Lua e as Estrelas,
Que no céu formaste claras
E preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Vento,
Pelo ar, ou nublado
Ou sereno, e todo o tempo
Pela qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Água,
Que é mui útil e humilde
E preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Fogo
Pelo qual iluminas a noite
E ele é belo e jucundo
E vigoroso e forte. Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a mãe Terra
Que nos sustenta e governa,
E produz frutos diversos
E coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelos que perdoam por teu amor,
E suportam enfermidades e tribulações.
Bem-aventurados os que sustentam a paz,
Que por ti, Altíssimo, serão coroados. Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar
Conformes á tua santíssima vontade,
Porque a morte segunda não lhes fará mal! Louvai e bendizei a meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade. “
Teus são o louvor, a glória, a honra
E toda a bênção.
Só a ti, Altíssimo, são devidos;
E homem algum é digno
De te mencionar.Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o Senhor Irmão Sol,
Que clareia o dia
E com sua luz nos alumia.
E ele é belo e radiante Com grande esplendor:
De ti, Altíssimo é a imagem. Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Lua e as Estrelas,
Que no céu formaste claras
E preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Vento,
Pelo ar, ou nublado
Ou sereno, e todo o tempo
Pela qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Água,
Que é mui útil e humilde
E preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Fogo
Pelo qual iluminas a noite
E ele é belo e jucundo
E vigoroso e forte. Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a mãe Terra
Que nos sustenta e governa,
E produz frutos diversos
E coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelos que perdoam por teu amor,
E suportam enfermidades e tribulações.
Bem-aventurados os que sustentam a paz,
Que por ti, Altíssimo, serão coroados. Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar
Conformes á tua santíssima vontade,
Porque a morte segunda não lhes fará mal! Louvai e bendizei a meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade. “
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