«Um amigo ensinou-me o caminho para si, caro Affonso. Não quero bajular. Por isso apenas digo que estou muito grato ao meu amigo e que você passou a fazer parte do meu tesouro literário. Já o pus no meu blogue e vou continuar. Gosto da sua escrita: mordente, trabalhada de palavras, surpreendente nas redescobertas de sentidos.
Bom dia senhor POETA da minha/nossa Língua comum!»
Esse amigo chama-se Cid Simões e é um garimpeiro de ouro literário. Na minha ignorância, por vezes enciclopédica!, nunca me tinha dado conta deste grande poeta da Língua Portuguesa. Chama-se Affonso Romano Sant'Anna e é brasileiro.
Nas minhas caturrices por vezes sou preconceituoso com os nomes. Já tinha lido algures e não tinha gostado da prosápia deste afonso com dois ff e santana com ' e dois nn. E passei adiante. Não sabia o que perdia. Vem o Cid e zás! - espeta-me com dois poemas à frente dos olhos que me deixaram abananado e... rendido. Grande poeta, caramba! Da estirpe do Ferreira Gullar, do prémio Camões deste ano.
Mas isto é poesia?
Claro, e da melhor!
Há verve, há trabalho de linguagem, há a veia satírica que tão arredada tem andado das nossas letras. Há uma voz que se agiganta nestes trocadilhos que nos arrastam pelos cabelos.
Exagero?
Então aqui vai, com mais um abraço de agradecimento ao meu caro amigo Cid!
A Coisa Pública e a Privada
e a
achou-se a
assentada.
Uns queriam
da
da
a
parecesse perfumada.
Dessa
a
acabou desarranjada
e
uma
uma
corneada,
Submetê-la a
O
publicamente assentados?
se
pode
—
de
Affonso Romano Sant’Anna
1987
E agora a cara do poeta:
2 comentários:
Subscrevo o teu comentário judicioso sobre um poeta tão inusitado e inesperado.
Gosto demais dos poemas e crônicas de Affonso Romano. São realistas, vão de encontro ao absurdo e diz a que veio. Além de ser um excelente crítico de Arte.
bjs
tais luso
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