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GRUTA
CALCOLÍTICA DA ERMEGEIRA
UM MONUMENTO NACIONAL À NOSSA
ESPERA
A Associação do Património de Torres Vedras, inspirada no
lema deste ano do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios – ver texto nesta
página – decidiu realizar um programa de divulgação e sensibilização para este
Monumento Nacional, tão pouco conhecido dos torrienses, a decorrer neste mês de
Abril no Maxial, freguesia do Município de Torres Vedras com numerosos
vestígios de ocupação humana desde a Pré-História. O mais significativo é a
Gruta Calcolítica da Ermegeira – aldeia próxima da sede de freguesia –
descoberta e explorada no final dos anos 30 do século passado. Do espólio
existente avulta um par de pendentes (brincos?) e parte de um colar, de ouro,
guardados no Museu Leite de Vasconcelos, em Belém, cuja valia e raridade
explicam a classificação daquela estação arqueológica como Monumento Nacional.
Da gruta resta apenas uma parte da calote, o que se
explica pela ação do tempo e algum vandalismo. Mas aquele é um vestígio
importante a preservar e que está em risco de ser desclassificado devido ao
estado de abandono.
PROGRAMA – mês de ABRIL:
Dias 17 a 23
No Auditório
da Junta de Freguesia do Maxial:
- Pequena
exposição alusiva ao período calcolítico, com peças do Museu Leonel
Trindade, de Torres Vedras
- Sessões com alunos das Escolas do
Maxial, em horas a definir
Dia 21 (sábado)
15H30: Autocarro da Câmara Municipal de
Torres Vedras, junto ao Tribunal, para quem
quiser
deslocar-se ao Maxial
16H00 – Auditório da Junta de
Freguesia: Sessão evocativa e documental sobre a Gruta da
Ermegeira
17H30
– Visita ao local da Gruta Calcolítica da Ermegeira
Dia 22
09H00:Caminhada
com passagem pelo local da gruta. Partida frente à Junta de Freguesia do
Maxial.
Percurso com cerca de 10 km, de nível fácil, aberto ao público em geral.
Este programa foi organizado com a colaboração da Junta
de Freguesia do Maxial, do Município de Torres Vedras e dos técnicos do Museu
Municipal Leonel Trindade, de Torres Vedras. Assinala-se, igualmente, a
participação do prof. Jorge Ferreira da Silva que executou réplicas perfeitas
do valioso espólio da Gruta, em exposição
na Junta de Freguesia do Maxial. | MD
Aspeto atual da gruta calcolítica da Ermegeira
Reconstituição da gruta, de acordo com o relatório de Manuel Heleno, seu investigador.
Desenho de José Pedro Sobreiro, exposto na Junta de Freguesia do Maxial.
DIA INTERNACIONAL DOS MONUMENTOS E SÍTIOS
Mais uma vez
a ADDPCTV assinala o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, 18 de Abril,
com um conjunto de iniciativas que estão integradas no Programa Nacional
coordenado pelo IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e
Arqueológico.
Este Dia Internacional foi criado pelo ICOMOS
(Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios) a 18 de Abril de 1982 e aprovado
pela UNESCO no ano seguinte, com o objetivo de sensibilizar o público para a
diversidade e vulnerabilidade do património, bem como para o esforço envolvido
na sua proteção e preservação.
Os temas anualmente
sugeridos pelo ICOMOS pretendem promover o estabelecimento de uma ligação
efetiva entre as realidades locais, regionais, nacionais e internacionais.
Assim, através desta data comemorativa,
pretende-se celebrar o património nacional, mas, também, a solidariedade
internacional em torno da salvaguarda e da valorização do património de todo o mundo. O tema deste ano é: «Do
Património Mundial ao Património Local: proteger e gerir a mudança»
* * *
Pendentes de ouro encontrados na gruta(expostos no Museu Nacional de Arqueologia, em Belém)
Réplicas em latão (pendentes e contas tubulares), executadas por Jorge Ferreira da Silva
DESCOBERTA
DA GRUTA DA ERMEGEIRA
«(…) Em 1939 descobriu-se casualmente na Ermegeira, freguesia do
Maxial, concelho de Torres Vedras, na Quinta de Entrecampos, a cerca de 50
metros da residência existente na mesma, uma gruta artificial.
O
aparecimento de um par de brincos de ouro e quatro tubinhos de folha
enrolada do mesmo metal, ocasionaram
a destruição de parte do monumento e das ossadas e abundante cerâmica que
possuia.
Foi
o Museu Etnológico, que, apesar da doença que nesse ano sofreu o seu director,
se esforçou por salvar algo do que restava, se inteirou do destino dos objectos
de ouro, comunicou ao Instituto de Arqueologia (Vid. A
Voz, de 19 de Dezembro de
1939) e à sub-secção de Antiguidades da Junta Nacional de Educação o valor do
achado e os prejuízos sofridos com o seu remeximento.
Não
ficou por aqui a acção do mesmo Museu. Obteve do Sr. Lopes da Silva, gerente da
agência do Banco Ultramarino em Torres Vedras, a cedência dos brincos que
adquirira numa ourivesaria local e de cinco
tubinhos, já que os outros quatro foram derretidos, e promoveu a limpeza
da mesma gruta e a crivagem da terra tirada para fora. (…)
(…) A gruta artificial da Ermegeira está aberta nas camadas cretáceas, vulgarmente
designadas «grés de Torres» (neocomiano e aptiano). Apresenta hoje só câmara,
com a abóbada e a parte lateral norte destruídas pelos violadores e com
diâmetros que oscilam entre 4m,30 e 4m,5o. A altura do
fundo à superfície mede 3m,20, não podendo por isso a abóbada ir
acima de 2m,50. Não se pode já precisar o seu meio de comunicação
com o exterior: Corredor, se o houve, foi destruído por um corte feito para
abertura de um caminho; e a clarabóia, se existiu, foi demolida com a abóbada.
Contudo, o encontro de uma laje, ao meio do fundo da câmara, autoriza a presunção
da existência de clarabóia, mas só a presunção, porque não longe, na freguesia
de Monte Redondo, na Quinta das Lapas (…), há grutas da mesma época (…)»
in: Manuel Heleno,
GRUTA ARTIFICIAL DA ERMEGEIRA, Separata do vol. II de ETHNOS, revista do Instituto
Português de Arqueologia, História e Etnografia, Lisboa, 1942
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