11.2.07

RECORDAR FERNANDO ASSIS PACHECO

Na Casa Fernando Pessoa, a Campo de Ourique. Francisco José Viegas, seu director, organizou um ciclo de encontros sobre F. Assis Pacheco. Justificou:

«Não poderíamos esquecê-lo porque era uma das nossas vozes. Sobretudo neste mês em que se festejaria o seu 70º aniversário. Por isso a Casa Fernando Pessoa reúne os seus amigos e leitores para assinalar a data - justamente Campo de Ourique, o bairro onde viveu e um dos lugares da sua poesia.Não se trata de uma comemoração, porque F. A.Pacheco havia de detestá-la. Coisa mais informal, mais a gosto de quem gosta de falar, de ouvir - e de ler a sua poesia ou de recordar a s suas histórias.»





A imagem, irreverente, vem publicada no livro póstumo editado pela Assírio & Alvim RESPIRAÇÃO ASSISTIDA,Lisboa,, 2003 - cinco anos depois da morte do poeta.

Mas lembrar o poeta é, sobretudo, ler a sua poesia.

SONETOS
2.

Os trabalhos de amor são os mais leves
de quantos algum dia pratiquei
na cama as alegrias fazem lei
e se me queixo é só de serem breves

eu vivo atado às tuas mãos suaves
num nó de que este corpo já não sai
ferve o arco do sol a tarde cai
ardem voando pelo céu as aves

mágoas outrora muitas fabriquei
e em países salobros jornadeei
ao dorso das tristezas almocreves

a vez em que te amei um outro fui
comigo fiz a paz nada mais dói
e os trabalhos de amor nunca são graves

Fernando Assis Pacheco


O ciclo prossegue no dia 15 de Fevereiro, 21h30, com a presença de Fernando J.B. Martinho, Abel Barros Baptista e Pedro Tamen. A 26 de Fevereiro estarão presentes José Carlos de Vasconcelos e Rogério Rodrigues. A leitura de poemas será regra em todos os encontros.
No fim - oh! simpatia - bebe-se um tinto especial. F. Assis Pacheco era um homem de copos demorados e solidários.

Estive lá, com alguns bons amigos.Nunca tinha entrado na Casa Fernando Pessoa. Agradabilíssima surpresa. Foi toda recosnstruída, mantendo-se apenas o espaço onde era o quarto de F. P. e onde se guarda ainda a sua máquina de escrever e a célebre cómoda onde escreveu "O Guardador de Rebanhos". O resto é um conjunto de espaços amplos com biblioteca, sala de conferências e salas de exposições. Na Rua Coelho da Rocha, nº 16.

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