13.6.07

Reinaldo Ferreira


Poeta natural de Barcelona, filho do famoso jornalista com o mesmo nome, que nos anos 20 se celebrizou por assinar as suas peças sob o pseudónimo «Repórter X». Teve uma vida breve e pouco bafejada pela sorte. Iniciou os estudos secundários em Espanha, tendo-os concluído já em Moçambique, onde se fixou. Colaborou em algumas publicações de Maputo (a então cidade de Lourenço Marques) e da Beira: Capricórnio, Itinerário, Paralelo 20, etc. A sua poesia só ficou conhecida aquando da publicação póstuma dos seus Poemas (1960). Uma segunda edição, de 1966, vinha acompanhada de um prefácio de José Régio, que, tal como Vitorino Nemésio, lhe teceu largos elogios. A sua poesia pode ser enquadrada na tendência presencista, encontrando-se também elementos que a ligam ao simbolismo e ao decadentismo. Se nos seus poemas imperam a ironia, o niilismo e o absurdo, existe por outro lado um forte pendor humanista, visível na crítica a certos mitos.

Texto de www.astormentas.com/din/multimedia.asp?autor=...
Pouca gente sabe quem foi o autor das letras de canções célebres como Kanibambo e Uma Casa Portuguesa. E de poemas míticos como "Receita para fazer um herói" ( que Mário Viegas celebrizou ) e "Menina dos olhos tristes", cantada por Zeca Afonso. O seu autor chamou-se Reinaldo Ferreira, nascido em 20 de Março de 1922 e falecido de cancro do pulmão em 30 de Junho de 1959. José Régio ficou impressionado com a qualidade dos poemas que deixou. Os amigos publicaram-nos, tentando organizar um espólio disperso. A Ed. VEGA publicou em 1998 na col. O Chão da Palavra/Poesia, o livro de Reinaldo Ferreira «POEMAS», com estudo analítico de José Régio e Prefácio de Guilherme de Melo.
RECEITA PARA FAZER UM HERÓI
Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.

5 comentários:

avelaneiraflorida disse...

Incrivel!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Muito miúda eu devorava, muitas vezes sem entender totalmente, as aventuras rocambolescas do "repórter X"...
Preenchiam as minhas longas tardes, os meus dias...

Trazidas pela mão do meu avô Manuel...

Joaquim Moedas Duarte disse...

Vieste encontrar o filho aqui!
Hei-de postar mais poemas dele.
Só agora vi a tua SMS em que confirmaste a grafia de Kanimnbo. ~
Obrigado. Sempre atenta!

avelaneiraflorida disse...

Esta foi uma surpresa muito gira!!!
Estava longe de voltar a encontrar o "repórter X"...

Um acaso gratificante!

Paúl dos Patudos disse...

Sublimes, as palavras de este grande poeta.
Todas elas.
bjo
Ana Paula

Mónica disse...

e há mais e há mais :-))))