Olhei-o nos olhos e desatei a rir. Ele não pode estar a falar a sério! - pensei. Transcorrido um certo tempo, nada se pode «pôr em ordem» entre duas pessoas; compreendi essa verdade sem esperança naquele instante, quando nos sentámos, ali, no banco de pedra. O homem vive, e corrige, ajusta, edifica, e destrói, algumas vezes, a sua vida; mas, passado tempo, dá-se conta de que o todo, tal como está, por força dos erros e do acaso, é imodificável. (...) Quando alguém emerge do passado para anunciar, em voz comovida, que quer pôr «tudo» em ordem, só podemos lamentar e sorrir das suas intenções; o tempo já «pôs tudo em ordem», à sua estranha maneira, da única maneira possível. ( Sándor Márai, A Herança de Eszter)
2 comentários:
A "Herança de Eszter" "vive" de mentiras...
de jogos, de representações...
...de uma personagem,Lajos,que é o perfeito aldabrão: simpático, atraente, sedutor, bem intencionado, mas mentiroso compulsivo, troca-tintas, inconsciente das consequências dos seus actos na vida dos outros.
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