14.5.07



Árvores do Alentejo


Horas mortas... Curvada aos pés do Monte

A planície é um brasido e, torturadas,

As árvores sangrentas, revoltadas,

Gritam a Deus a benção duma fonte!


E quando, manhã alta, o sol posponte

A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,

Esfíngicas, recortam desgrenhadas

Os trágicos perfis no horizonte!


Árvores! Corações, almas que choram,

Almas iguais à minha, almas que imploram

Em vão remédio para tanta mágoa!


Árvores! Não choreis! Olhai e vede:

Também ando a gritar, morta de sede,

Pedindo a Deus a minha gota de água!


Florbela Espanca

3 comentários:

avelaneiraflorida disse...

Curiosíssima sobre qual vai ser a seleccçao....

Joaquim Moedas Duarte disse...

Como já deves ter reparado, o meu critério tem sido: dar a conhecer e permitir re-conhecer. Isto é: pôr em letra textos já conhecidos mas que a maioria dos leitores do BADALADAS não lê há muito ( é o re-conhecer); e publicar outros menos conhecidos ( dar a conhecer...)
Conseguirei este desideratum? ( mais uma à M. P., nosso querido amigo latinista-às-vezes-um-bocado-seca-com-o-latim...)

avelaneiraflorida disse...

OK! Então eu vou fazer uma lista "paralela"...

Mas não "em latim"!!!!Cruzes!!!!